segunda-feira, 28 de maio de 2012


Toma-me Senhor

Toma-me como Tua, Senhor, apodera-Te de mim,
Enverga-me diante de Tua majestosa realeza.
Ajoelho diante de Ti e faço-me submissa, enfim,
Aceito o meu “ser escrava” como um fruto de rara beleza.

Assuma meu destino que perambulava desordenado,
Pelos guetos e frestas a murmurar um surdo grito,
Na ânsia por um ser superior que doma com cuidado,
Arrebatando-me de um mundo volúvel e tão restrito.
 
Vale mais o dominar pelo zelo e o controle diligentes,
Expressos no olhar, gestos e tom de voz destemidos.
Apenas o estalido intenso do chicote, gritos e correntes,
Não completam o domínio que extasia todos os sentidos.

Una-me ao Teu Reino envolto em liturgia tão perene,
Matizado pelo vívido salmão e o branco imaculado.
Santuário erigido por coleiras, regras e rituais solenes,
Classes de escravas, mulheres-meninas de coração alado.

Preta, Vermelha, Laranja, seja qual for a túnica,
O que importa é a essência do servir que exulta e canta.
É para Ti Senhor, esta doce entrega, toda única
A envolver-Te de forma pura... quase santa.

Tua fantasia gira em torno de delicados pezinhos,
À mercê de alfinetes, elásticos e alicate de pressão,
Solinhas em apuros submetidas a castigos e carinhos
Intensificam os sentidos, a entrega e por que não o tesão?

Sou forte, mas fiz-me frágil e entregue por querência,
Ansiando ser moldada pelo contorno do Teu olhar.
Ata-me corpo e coração, frutos de tua apetência,
Enleva-me, toma-me, mas não deixe de me usar...

Sou cativa de cio eterno, e clamo por servir
E entrego-me a Ti sem medo, sem pensar,
Toma-me Senhor, extasia-me quero sentir,
Doma-me, possua-me e deixa-me sonhar.

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